Pai! Quanta Saudades

 

Pai! Quanta saudades!

 

Meu pai

Em mim eternizado

Doces momentos duma vida lado a lado

Detalhes, cenas vividas na infância

Na adolescência, na fase adulta

Que agora em versos retrato

 

A minha lembrança primeira

Cinco anos, meses mais, meses menos

A chegada numa nova casa, beira de linha,

Da anterior não me lembro

Mas sei  que estava tudo a contento

 

Adentrei antes que a mudança

E fui emitindo sons pra ouvir o eco

Descobri desde a cozinha à varanda

Desde uma primavera no quintal

Até uma amoreira ao pé da cerca.

 

Nossos passeios na estação, ou na pracinha

A cadeira preguiçosa que você consertava

Eu chegando e nem percebi que estava solto o pano

Dai  o riso, eu sentado já no chão caído

 

A espera das tardes quando vinha do serviço

O cheiro do café fresco nas madrugadas

Os causos à beira do fogão à lenha

O seu canto ao fazer a barba

Todos os dias da semana, os sábados e domingos

Como era magico tudo isso.

 

Depois outra mudança, eu crescendo

Você procurando novos caminhos

Pra prover nosso sustento

E eu nem percebia, que dia a dia meu pai

 Aos poucos eu ia te perdendo.

 

Foram tantas idas às sessões de cinema

Tantos doces, tantas guloseimas

Tantos presentes nos Natais que se sucediam

Tanto afeto, tanto amor que de ti surgia.

 

Os teus sonhos foram nos embalando pelos dias

O teu exemplo constante nos envolvia

Pai inda me lembro do teu perfil na serraria

Inda vejo os desenhos da fumaça que emitia

Entre uma tragada e outra, quanta magia.

 

Aos vinte anos choramos juntos por dentro

Fui buscar um rumo na vida

Te vi ficando distante, o trem correndo

Meu pai quem nos separava era o tempo

 

Mas depois de alguns anos de saudades

Voltei coração emocionado pra minha cidade

Pro seu aconchego, pra tua companhia

E a vida seguia, seguia, seguia

 

Nem percebi, eu não queria

Você tinha que ser eterno

Mas você se foi, ficou aquele seu pedaço

O brilho dos teus olhos, o seu amado sorriso

Colado no coração, na memória, na nossa vida.

 

Hoje pai, neste teu dia, espero que onde quer que esteja

 Sinta pelo menos por um momento

A saudade que nestes versos estampada fica.

 

 

Faustino Poeta

Carlos Marcos Faustino

12/08/2017 – sábado – 00:15

 

 

 

 

 

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