Cadê menino
cadê
Cadê menino
cadê
Em qual lugar desta estrada
Na caminhada te escondes
Pra onde vais, pra onde?
O tempo te leva nos braços
Pra além daquele espaço
Na linha do horizonte
Cadê menino
cadê
Cadê as bolinhas de gude
Que tu jogavas sozinho
Cadê aqueles momentos
Que a mãe te sentava na mesa
Pra te por sapato e meia
Com amor, delicadeza
Cadê menino
cadê
Cadê o trem meu menino
Que os levava e trazia
Cadê o apito, o balanço
O largo da estação, a magia
A morada da tua avó
Na cidade de Marilia
Cadê menino
cadê
Tua casa de alvenaria
Cadê todos os folguedos
Daquele pedaço de infância
Cadê menino
cadê
Onde guardas tuas lembranças
Cadê menino
cadê
Cadê aquela mudança
Pra uma outra cidade
Cadê a escola, o amor
Algo assim tão inocente
Que nunca foi correspondido
e se perdeu para sempre
Cadê menino
cadê
Cadê as cançoes todas
Beatles, Bee Gees, Credence
Cadê o adolescente
Tímido, apaixonado
Cadê o trem do passado
Das nove, das onze, das sete
Cadê o abraço apertado
O choro engasgado
O aceno de mão
O adeus à velha estação
Cadê menino
cadê
Cadê todos os poemas
De amor, solidão, saudades
Que tu semeaste ao vento
Em tempos de mocidade
Te encontras em tantas
lembranças
Mas porque te perguntas
cadê
Ah! Foram tantas andanças
Cadê o amigo
O filho
Cadê o pai
O adulto
Agora tu buscas indulto
Enquanto o tempo
te entrega
as passagens pro futuro
Faustino Poeta
04/04/2023- terça-feira-09:42
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