Nasci quando o sol
surgia
Manhã de setembro, quinto dia
Mamãe trinta e sete, papai quarenta
Quatro irmãs me antecediam.
De parto normal, forte menino
Quem me viu primeiro foi a parteira
Também sei que ela era enfermeira
E segundo minha mãe foi a primeira
A dizer que eu era forte e bonito.
Foi lá no final da " Chavantes"
Foi lá no final da " Chavantes"
Numero não sei, casa
de madeira
Anos cinquenta, quase
primavera
Vagas lembranças, mulheres nas janelas
Crianças peladas brincando na terra.
Depois de alguns anos, a mudança
Paiaquás, rua quieta, beira da linha
Cheiro de tinta fresca, gritos pela casa
Ecos, e um pé de amora na beira da cerca
Vapor, serraria , brinquedos, fogueira
Nas tardes meu pai me levava pra estação
E ali extasiados vendo,
os carros, os vagões
Eu lhe dizia os meus sonhos de então
Para ele um calhambeque, pra mim um carrão.
14/04/2013- domingo- 23h41
Parte II
Primeiro ano, professora
primeira
Dona Aparecida, bondosa, faceira
Segundo grupo escolar, perto da avenida
Onde hoje funciona os
Bombeiros
Em tempos de chuva, pela nhambiquaras
Descíamos da Paiaquás, cruzando a Tabajaras,
Atravessávamos às vezes fortes
enxurradas
E já na Mandaguaris, ao cruzar o Jardim Dom Bosco
Fascinava-me a grandiosidade daquela estátua
Um homem tal qual gigante, um menino
Um sentimento no peito profundo , divino.
Quando já no segundo ano, outros planos
Caminhão, mudança , vômitos de banana
Poeira da estrada na cara, entre bugigangas
Flores, cachorro e
samambaias.
Cidade pequena, duas longas avenidas
E la quase no fim de uma delas, numa travessa
Casa de madeira velha, empoleirada, enegrecida
No quintal muita areia e uma grande paineira
E um festival de baratas.
As tarefas
rotineiras, rachar lenha, puxar água
correr atrás das
galinhas, e a noite ir na esquina
ver um cearense cantar: “ Noite cheia de estrelas”
Às vezes também sair em desabalada carreira
Correr do medo, em um passeio qualquer
Passar a ponte mal assombrada
Onde diziam ter achado algumas caveiras
Chegar em casa aliviado mas com muita canseira.
Mas la pras bandas
do centro da cidade
Meu pai conseguiu um terreno, de esquina
Ali fizemos uma casa, uma primavera ao lado
E em frente, um grande
e belo gramado.
Doze anos, quarta série, um menino apaixonado
Menina de verdes janelas, de olhos esverdeados
Uma amizade sincera,
um sentimento escondido
um amor que agora eu sei, nunca foi correspondido.
30/04/2013- Terça feira – 16h04
Parte III
E nem só aquelas janelas
Deixei em versos estampado
Ficou teus olhos, teu riso aberto
Teus passos ecoando no asfalto
E as ilusões daquele menino apaixonado.
Belos tempos aqueles do ginásio
Saía de casa, seguia avenida afora
Dobrava a rua do cinema
E pela "Alagoas" sem problemas
Íamos pra escola, eu, o Gava
A Regina, O Valdeci e por vezes outros amigos
Parece mentira, mas inda ouço em meus ouvidos
Aquele gostoso alarido dos intervalos.
Coxinhas da Dona Isaura
Burburinhos em salas de aula
" Fusquinhas" em comemorações
Salão nobre, orfeão
e o " Doda" procurando pelo espaço
O time dos engraçados
Mas quando ele nos olhava
Ficávamos todos comportados.
Por fim a formatura
Primeiro terno, salão de costura
Entre o cinema e a avenida
Seu Josino, grande homem, bom amigo
Dou-lhe um merecido lugar neste poema.
Colação, baile no " Galinheiro"
Luz negra, emoção
Bate mais forte o coração
Leopoldo e sua orquestra no salão
Ultima valsa, última canção
olhos nos olhos, suor nas mãos.
Inicio de " sessenta e oito"
Alcei um pequeno voo então
Entrei no meu " Curso Normal"
Cidade de Tupã, Índia Vanuíre
Instituto de Educação.
Toda segunda, trem das nove
Rumo a Herculândia, eu e meu pai
Saudades vem, saudades vai
Balanço que vai entoando
cantigas iguais.
Calhambeque do seu Artiminho
Fumo de corda, pó de serra, serraria
E a noite, " Latão" seguindo de mansinho
Pra escola todo dia
Entre idas e voltas e cantoria.
A meia noite quando eu voltava
Seguia sozinho na rua vazia
O latido dos cães nas ruas em sinfonia
Trilha sonora pra versos que nasciam
E meu pai que acordado me aguardava
a gente conversava
e caia no sono pra recomeçar noutro dia.
Era assim toda semana
O sábado chegava
a gente fazia a mala e partia
O trem noturno das sete nos esperava
E pra nosso aconchego a gente ia
Final de semana, minha mãe, minhas irmãs
Minhas doces e verdes janelas
Ah! meu Deus quanta alegria.
No ano seguinte, transferência
Deixei Tupã, fui estudar em Lucélia
Satiko, Laudeci, Gava, Glicéria
Maria Lucia, Duareski
E as meninas de Iacri
Diva, Tereza, Marlene
E em principio, táxi do Lombardi
Idas e vindas tão lindas
Depois, trem,
Tempo bom que não mais vem.
04/10/2016 - terça-feira -18h51
Parte IV
Vinte anos, bagagem nas costas
A porta aberta, abraço apertado
O trem na estação parado
Três longos apitos, um último aceno
Hora de dizer até mais pro meu doce passado.
A estação foi ficando um ponto distante
Passei o pontilhão, revi todas as ruas
As casas desfilavam em correria
No peito um dor dilacerante nascia
E naquele balanço da viagem
Eu fazia a minha passagem
Do final da adolescência pra mocidade.
O trem rompendo a madrugada
As primeiras luzes, as primeiras casas
Coração em sobressalto
Só ruas desertas, paisagem adormecida
Subúrbio e silêncio em mais nada
Somente aquele apito insistente
Anunciando a chegada.
Depois os prédios, as avenidas
Aquela imensidão de luzes coloridas
Estação da Luz, São João
Duque de Caxias, Sorocabana
Julio Prestes, Osasco e Vila Yara
Uma casa azul, portão ao lado
E no fundo, alguns quartos
Cama de campana, pulgas, sereno
BHC sob os lençóis, bengalas e pingados.
Primeiro trabalho
Cidade de Deus, Cobrança Fora
inicio do mês de março
Poesias nascidas em papel amarelado
Amigos nascentes, tragadas em cigarros
Mudança pro quarto 54, Conjunto C
E aos domingos pro aconchego da " Gonçalo"
Rua de árvores quietas e empoeiradas
Um amigo pra uma vida inteira
Peladas na serraria, caipirinha e macarronada.
Cursinho à noite na cidade
Consolação- Etapa, Liberdade- Capi
Ônibus lotados, prostitutas nas calçadas,
Obras do metrô, tempo de repressão
Uma linda canção
" Pra não dizer que não falei das flores"
Policiais, metralhadoras, medo, agonia
Pesadelos, gritos, noites frias e dores.
Nossa alegria: Cinemas na cidade
Copam, Cinerama, Espacial
lanchonete em finais de semana
Cerveja, xburger, Campari
Cavalos d pau, que saudade
Gatinho Drulhinho, Auto cine Moon
E O Helio Ribeiro no radio
canções traduzidas, emoções contidas
partidas, chegadas
Roupas no varal dependuradas.
Mas foi na " Sacadura"
Um imensa rua de apenas um quarteirão
Que me viu tantas vezes noite afora
Dobrar a Santa Terezinha
que deixei meu coração
E em seu lugar levei tantos afetos
Dei adeus pros meus amigos
E voltei peito dolorido
Pros braços do meus pais e meus irmãos.
Chorei na partida, chorei na chegada
Mas era preciso seguir a caminhada.
22/07/2015 - quarta- feira-23h48
Parte V
Casa de esquina, doce madrugada
Chegada, abraços, mochila, lágrimas
O cenário agora modificava-se
E as saudades uma vez mais acumuladas.
Trabalho fora, um pouco distante
Era o que se tinha pra viver agora
Não mais Osasco, nem Bradesco
Nem Vila Yara, nem mais nada.
Nem mais almoço aos domingos
na " Sacadura" tampouco na " Gonçalo"
Aquelas ruas, aqueles entes queridos deixei guardados
Pra sempre no fundo do meu coração
"debaixo de sete chaves"
Tudo aquilo agora um doce retrato
Emoldurado pra sempre nas minhas emoções.
Musica sertaneja, cavalos, poeira
Que hoje faceira em mim se levanta
Nossa Caixa, Pacaembu, cidade primeira
Hotel São Paulo, quarto de pensão
Linguiça ensopada, queijo empanado
café da manha, almoço, janta
e sessão de cinema a semana inteira.
Chegava-se quando a tarde de domingo já descia
Voltava-se de trem nos finais de semana
Parapuã- Pacaembu, Pacaembu- Parapuã
E o tempo todo uma louca vontade
De romper a distancia das cidades
Pacaembu, Parapuã, Osasco: saudades
Deixar pra trás aquele cenário
e nadar feliz de volta pro meu aquário
Ali estava eu repleto de saudade e mágoa
Um verdadeiro peixe fora d'água.
Mas foram tão poucos os meses
Deixei Rita, Tião, Milton, Alexandre ,
Luiz Antonio, Alécio, Rosa e Neide
E tantos outros amigos dos quais me lembro muitas vezes
Entre lágrimas contidas que ninguém imagina
Deixei Pacaembu para sempre
Cheguei em Adamantina
15/06/2016- quarta-feira -00h08
Parte VI
Hotel Santo Antonio, em princípio
Edgar, Joel, Rua Deputado Salles Filho
Depois viagens todo dia
Mal amanhecia
Duas quadras de casa, estação rodoviária
Expresso Adamantina
Destino Nossa Caixa
Lenir,Alvaro, Luíza, Gilberto, Idalina
Neusa, Carmo ,Sonia, Ana ,Alice,
Carlos Lacir. Dirce e Edite
Novos amigos
Risoles à tarde, banco de jardim
Corcel do Salvador
Faculdade em Lucélia, hora de ir
Hora de volta, meia noite,
Silenciosa rua Paraíba em minha cidade
casa de esquina, pequena, divina
Quatro anos nesta vida
Diplomado:
Um adeus , coração apertado
Don't cry for me Adamantina
22/09/2016 - quarta-feira - 01h18
Parte VII
Tupã, Nossa Caixa, esquina
Tamoios, Carijós, novos amigos
Curso de direito, casa da minha irmã
E nos finais de semana, Parapuã
Meus pais, minhas lembranças
vida nova, mudanças.
Foi assim o ano inteiro
Depois pra uma casa
nos altos da Santa Casa
pequena, acolhedora, bonita,
Minha mãe, eu e meu pai
deixamos um "ai" de saudades pra trás
Um belo tempo, toda uma vida
Desenhada naquela antiga moradia
que ficou em nossos corações estampada
pro resto dos nossos dias.
Uma nova agência construída
Pré-fabricada, a toque de caixa
Aimorés, próxima da avenida.
E por ali, anos e anos
chegaram amigos, amigos se foram
amigos partiram
Curso terminado, formatura
Álbum de direito, foto na parede
Minha mãe, amor desta vida
fez sua despedida
e em 1987 virou estrela.
Fez-se necessário
mudar o local de trabalho
Um prédio na esquina
serviços internos por um longo tempo
Mas é chegado o momento:
Marília ou de novo Adamantina.
Parte VIII
Marília, la vou eu
Joel meu amigo
ônibus cedo, ônibus à tarde
viagens
daqui fomos eu e a " Galli".
Eram corridas nos finais de tarde
ônibus não espera
se você se atrasa, parte.
Mas logo me acena
uma quase volta
Adeus novamente, adeus Marília bela
Mas logo me acena
uma nova esperança
Quintana.
De braços abertos,
Bem mais perto, bem mais perto
O Cristo no trevo, a rua comprida
Uma agência pequena, bonita
E aconchegantes amigos
pra uma vida inteira.
Ali tive historias que guardo comigo
Foram nove anos muito bem vividos
Churrascos, assaltos,
tratores no asfalto
Protestos de agricultores
Quintana!
Dos meus jardins
Tu foste uma das mais belas flores
Mas veio o tempo
chegou o momento
E por trás dum triste sorriso de Adeus
deixei os braços teus
E voltei ao palco que me viu nascido.
08/12/2016 - quinta-feira - 22h10
IX
Não que eu quisera ter vindo
Quintana era um jardim florido
Nove anos ali vividos
Já quase me tornara um de seus filhos
Lutei, mas não teve jeito
Mesmo a contra gosto, contrafeito
Fui requisitado, obrigado
E assim me vi transferido.
Era reabertura dum posto de serviços
Em princípio, eu e mais um amigo
Foi uma boa convivência
"Miranda" era um cara especial
Bons clientes, bom clima
Eu não queria era voltar pra "cima"
Mas uma terrível doença
Não tardou a levar meu amigo de serviços
E em decorrência disso
tempos depois fui transferido pra agência
Foi mal mas foi bom em outro sentido
Apesar de muita pressão e cobrança
O aconchego de bons amigos
Mas sede de lucros, metas diárias
Eram como setas que nos deixavam aturdidos
E vencendo dia a dia, cada etapa
Chegou 2008 e eu havia cumprido
Meus trinta e oito anos de serviços
Gloria a Deus e Virgem Maria
Saí imune nos braços da aposentadoria.
Fiquei saudoso dos afetos que ficaram
Pra ver o Nosso banco ser vendido
E foi mais triste um pouco mais à frente
Ver todo aquele cenário destruído
O fogo consumiu todas as lembranças
As labaredas transformaram tudo em cinzas
E hoje se passo por lá ainda
Tudo o que vejo é um muro alto
E um vazio imenso de todo aquele passado
Autor
Carlos Marcos Faustino
28/04/2017 - sexta-feira - 13h31
primeira postagem - 30/04/2013
Parte III
E nem só aquelas janelas
Deixei em versos estampado
Ficou teus olhos, teu riso aberto
Teus passos ecoando no asfalto
E as ilusões daquele menino apaixonado.
Belos tempos aqueles do ginásio
Saía de casa, seguia avenida afora
Dobrava a rua do cinema
E pela "Alagoas" sem problemas
Íamos pra escola, eu, o Gava
A Regina, O Valdeci e por vezes outros amigos
Parece mentira, mas inda ouço em meus ouvidos
Aquele gostoso alarido dos intervalos.
Coxinhas da Dona Isaura
Burburinhos em salas de aula
" Fusquinhas" em comemorações
Salão nobre, orfeão
e o " Doda" procurando pelo espaço
O time dos engraçados
Mas quando ele nos olhava
Ficávamos todos comportados.
Por fim a formatura
Primeiro terno, salão de costura
Entre o cinema e a avenida
Seu Josino, grande homem, bom amigo
Dou-lhe um merecido lugar neste poema.
Colação, baile no " Galinheiro"
Luz negra, emoção
Bate mais forte o coração
Leopoldo e sua orquestra no salão
Ultima valsa, última canção
olhos nos olhos, suor nas mãos.
Inicio de " sessenta e oito"
Alcei um pequeno voo então
Entrei no meu " Curso Normal"
Cidade de Tupã, Índia Vanuíre
Instituto de Educação.
Toda segunda, trem das nove
Rumo a Herculândia, eu e meu pai
Saudades vem, saudades vai
Balanço que vai entoando
cantigas iguais.
Calhambeque do seu Artiminho
Fumo de corda, pó de serra, serraria
E a noite, " Latão" seguindo de mansinho
Pra escola todo dia
Entre idas e voltas e cantoria.
A meia noite quando eu voltava
Seguia sozinho na rua vazia
O latido dos cães nas ruas em sinfonia
Trilha sonora pra versos que nasciam
E meu pai que acordado me aguardava
a gente conversava
e caia no sono pra recomeçar noutro dia.
Era assim toda semana
O sábado chegava
a gente fazia a mala e partia
O trem noturno das sete nos esperava
E pra nosso aconchego a gente ia
Final de semana, minha mãe, minhas irmãs
Minhas doces e verdes janelas
Ah! meu Deus quanta alegria.
No ano seguinte, transferência
Deixei Tupã, fui estudar em Lucélia
Satiko, Laudeci, Gava, Glicéria
Maria Lucia, Duareski
E as meninas de Iacri
Diva, Tereza, Marlene
E em principio, táxi do Lombardi
Idas e vindas tão lindas
Depois, trem,
Tempo bom que não mais vem.
04/10/2016 - terça-feira -18h51
Parte IV
Vinte anos, bagagem nas costas
A porta aberta, abraço apertado
O trem na estação parado
Três longos apitos, um último aceno
Hora de dizer até mais pro meu doce passado.
A estação foi ficando um ponto distante
Passei o pontilhão, revi todas as ruas
As casas desfilavam em correria
No peito um dor dilacerante nascia
E naquele balanço da viagem
Eu fazia a minha passagem
Do final da adolescência pra mocidade.
O trem rompendo a madrugada
As primeiras luzes, as primeiras casas
Coração em sobressalto
Só ruas desertas, paisagem adormecida
Subúrbio e silêncio em mais nada
Somente aquele apito insistente
Anunciando a chegada.
Depois os prédios, as avenidas
Aquela imensidão de luzes coloridas
Estação da Luz, São João
Duque de Caxias, Sorocabana
Julio Prestes, Osasco e Vila Yara
Uma casa azul, portão ao lado
E no fundo, alguns quartos
Cama de campana, pulgas, sereno
BHC sob os lençóis, bengalas e pingados.
Primeiro trabalho
Cidade de Deus, Cobrança Fora
inicio do mês de março
Poesias nascidas em papel amarelado
Amigos nascentes, tragadas em cigarros
Mudança pro quarto 54, Conjunto C
E aos domingos pro aconchego da " Gonçalo"
Rua de árvores quietas e empoeiradas
Um amigo pra uma vida inteira
Peladas na serraria, caipirinha e macarronada.
Cursinho à noite na cidade
Consolação- Etapa, Liberdade- Capi
Ônibus lotados, prostitutas nas calçadas,
Obras do metrô, tempo de repressão
Uma linda canção
" Pra não dizer que não falei das flores"
Policiais, metralhadoras, medo, agonia
Pesadelos, gritos, noites frias e dores.
Nossa alegria: Cinemas na cidade
Copam, Cinerama, Espacial
lanchonete em finais de semana
Cerveja, xburger, Campari
Cavalos d pau, que saudade
Gatinho Drulhinho, Auto cine Moon
E O Helio Ribeiro no radio
canções traduzidas, emoções contidas
partidas, chegadas
Roupas no varal dependuradas.
Mas foi na " Sacadura"
Um imensa rua de apenas um quarteirão
Que me viu tantas vezes noite afora
Dobrar a Santa Terezinha
que deixei meu coração
E em seu lugar levei tantos afetos
Dei adeus pros meus amigos
E voltei peito dolorido
Pros braços do meus pais e meus irmãos.
Chorei na partida, chorei na chegada
Mas era preciso seguir a caminhada.
22/07/2015 - quarta- feira-23h48
Parte V
Casa de esquina, doce madrugada
Chegada, abraços, mochila, lágrimas
O cenário agora modificava-se
E as saudades uma vez mais acumuladas.
Trabalho fora, um pouco distante
Era o que se tinha pra viver agora
Não mais Osasco, nem Bradesco
Nem Vila Yara, nem mais nada.
Nem mais almoço aos domingos
na " Sacadura" tampouco na " Gonçalo"
Aquelas ruas, aqueles entes queridos deixei guardados
Pra sempre no fundo do meu coração
"debaixo de sete chaves"
Tudo aquilo agora um doce retrato
Emoldurado pra sempre nas minhas emoções.
Musica sertaneja, cavalos, poeira
Que hoje faceira em mim se levanta
Nossa Caixa, Pacaembu, cidade primeira
Hotel São Paulo, quarto de pensão
Linguiça ensopada, queijo empanado
café da manha, almoço, janta
e sessão de cinema a semana inteira.
Chegava-se quando a tarde de domingo já descia
Voltava-se de trem nos finais de semana
Parapuã- Pacaembu, Pacaembu- Parapuã
E o tempo todo uma louca vontade
De romper a distancia das cidades
Pacaembu, Parapuã, Osasco: saudades
Deixar pra trás aquele cenário
e nadar feliz de volta pro meu aquário
Ali estava eu repleto de saudade e mágoa
Um verdadeiro peixe fora d'água.
Mas foram tão poucos os meses
Deixei Rita, Tião, Milton, Alexandre ,
Luiz Antonio, Alécio, Rosa e Neide
E tantos outros amigos dos quais me lembro muitas vezes
Entre lágrimas contidas que ninguém imagina
Deixei Pacaembu para sempre
Cheguei em Adamantina
15/06/2016- quarta-feira -00h08
Parte VI
Hotel Santo Antonio, em princípio
Edgar, Joel, Rua Deputado Salles Filho
Depois viagens todo dia
Mal amanhecia
Duas quadras de casa, estação rodoviária
Expresso Adamantina
Destino Nossa Caixa
Lenir,Alvaro, Luíza, Gilberto, Idalina
Neusa, Carmo ,Sonia, Ana ,Alice,
Carlos Lacir. Dirce e Edite
Novos amigos
Risoles à tarde, banco de jardim
Corcel do Salvador
Faculdade em Lucélia, hora de ir
Hora de volta, meia noite,
Silenciosa rua Paraíba em minha cidade
casa de esquina, pequena, divina
Quatro anos nesta vida
Diplomado:
Um adeus , coração apertado
Don't cry for me Adamantina
22/09/2016 - quarta-feira - 01h18
Parte VII
Tupã, Nossa Caixa, esquina
Tamoios, Carijós, novos amigos
Curso de direito, casa da minha irmã
E nos finais de semana, Parapuã
Meus pais, minhas lembranças
vida nova, mudanças.
Foi assim o ano inteiro
Depois pra uma casa
nos altos da Santa Casa
pequena, acolhedora, bonita,
Minha mãe, eu e meu pai
deixamos um "ai" de saudades pra trás
Um belo tempo, toda uma vida
Desenhada naquela antiga moradia
que ficou em nossos corações estampada
pro resto dos nossos dias.
Uma nova agência construída
Pré-fabricada, a toque de caixa
Aimorés, próxima da avenida.
E por ali, anos e anos
chegaram amigos, amigos se foram
amigos partiram
Curso terminado, formatura
Álbum de direito, foto na parede
Minha mãe, amor desta vida
fez sua despedida
e em 1987 virou estrela.
Fez-se necessário
mudar o local de trabalho
Um prédio na esquina
serviços internos por um longo tempo
Mas é chegado o momento:
Marília ou de novo Adamantina.
Parte VIII
Marília, la vou eu
Joel meu amigo
ônibus cedo, ônibus à tarde
viagens
daqui fomos eu e a " Galli".
Eram corridas nos finais de tarde
ônibus não espera
se você se atrasa, parte.
Mas logo me acena
uma quase volta
Adeus novamente, adeus Marília bela
Mas logo me acena
uma nova esperança
Quintana.
De braços abertos,
Bem mais perto, bem mais perto
O Cristo no trevo, a rua comprida
Uma agência pequena, bonita
E aconchegantes amigos
pra uma vida inteira.
Ali tive historias que guardo comigo
Foram nove anos muito bem vividos
Churrascos, assaltos,
tratores no asfalto
Protestos de agricultores
Quintana!
Dos meus jardins
Tu foste uma das mais belas flores
Mas veio o tempo
chegou o momento
E por trás dum triste sorriso de Adeus
deixei os braços teus
E voltei ao palco que me viu nascido.
08/12/2016 - quinta-feira - 22h10
IX
Não que eu quisera ter vindo
Quintana era um jardim florido
Nove anos ali vividos
Já quase me tornara um de seus filhos
Lutei, mas não teve jeito
Mesmo a contra gosto, contrafeito
Fui requisitado, obrigado
E assim me vi transferido.
Era reabertura dum posto de serviços
Em princípio, eu e mais um amigo
Foi uma boa convivência
"Miranda" era um cara especial
Bons clientes, bom clima
Eu não queria era voltar pra "cima"
Mas uma terrível doença
Não tardou a levar meu amigo de serviços
E em decorrência disso
tempos depois fui transferido pra agência
Foi mal mas foi bom em outro sentido
Apesar de muita pressão e cobrança
O aconchego de bons amigos
Mas sede de lucros, metas diárias
Eram como setas que nos deixavam aturdidos
E vencendo dia a dia, cada etapa
Chegou 2008 e eu havia cumprido
Meus trinta e oito anos de serviços
Gloria a Deus e Virgem Maria
Saí imune nos braços da aposentadoria.
Fiquei saudoso dos afetos que ficaram
Pra ver o Nosso banco ser vendido
E foi mais triste um pouco mais à frente
Ver todo aquele cenário destruído
O fogo consumiu todas as lembranças
As labaredas transformaram tudo em cinzas
E hoje se passo por lá ainda
Tudo o que vejo é um muro alto
E um vazio imenso de todo aquele passado
Autor
Carlos Marcos Faustino
28/04/2017 - sexta-feira - 13h31
primeira postagem - 30/04/2013
Faustino, Poeta de fato
ResponderExcluirBelo retrato,
Caminho sem fim... A vida!
Pense, sinta, assente a tinta no papel.
Nunca cessa o dia
Na vida do poeta,
Sempre haverá o próximo ato.
Marco Antonio.
Obrigado meu amigo. E segue-se nas linhas do tempo nesse canto de saudades.
ResponderExcluirUm pensar de raízes, delineado em belos versos poéticos. Parabéns Carlos Marcos, e um fraternal abrço.
ResponderExcluirObrigado meu amigo poeta Antenor Rosalino
ExcluirGuti Nery
ResponderExcluirLindíssima e emocionante sua história contada em forma de poesia Marcos! Confesso que me emocionei bastante! São lembranças e marcas da sua vida contadas com toda força da sua sensibilidade, que é uma característica que gosto muito em você. Parabéns e continue essa linda história sua. Adorei!
Maria de Lourdes Zanin
ResponderExcluirLindo demais. ..acho legal vc colocar nomes dos amigos...gosto muito do seu jeito de mostrar o nosso passado,,mesmo não fazendo parte dele a gente vive o passado junto....abraços poeta. .
Antonio Carlos Coutinho · Amigo(a) de Guti Nery
ResponderExcluirOlá Marcos adorei sua história continue escrevendo não tive o privilégio de te conhecer mas como você sou fascinado por Quintana e pelos meus amigos que lá estão um grande abraço
Tania Maria Gimenes Brochini
ResponderExcluirNossa, quantas lembranças e como fica bonito assim em poesia. Além de poeta tens uma memória primorosa. Parabéns
23 de fevereiro de 2017 às 00:56
Rosa Paula Gomes
ResponderExcluirEu poderia dizer muitas coisas, muitas palavras mas vou resumir : simplesmente linda mesmo ser terminar. Achei magnífica. PARABÉNS....sou sua fã. Rsrsrs
23 de fevereiro de 2017 às 02:56
Maria Conceição Gava Barreto
Maria Conceição Gava Barreto Que lindo... Amei...
23 de fevereiro de 2017 às 08:18
Elizabeth Manrique
ResponderExcluirLindo!
23 de fevereiro de 2017 às 09:17
Solange Delgado Chiaradia
ResponderExcluirComo tudo que vc escreve ,lindoo!
23 de fevereiro de 2017 às 09:43
Tania Maria Gimenes Brochini
ResponderExcluirLinda, já li outras vezes e sempre me emociono. As lembranças são suas mas coloco as minhas na saga e redobra as saudades.
28 de abril de 2017 às 18:04
Diva Pacanaro
ResponderExcluirQuantas lembranças heim amigo?
28 de abril de 2017 às 20:52
Carlos Marcos Faustino Apenas um ensaio da minha biografia rsrsr
ResponderExcluir28 de abril de 2017 às 20:53
Maria Do Carmo Falleiros
ResponderExcluirMaria Do Carmo Falleiros As minhas lembranças são diferentes das suas. Talvez os amigos, as ruas e a velha máquina de escrever.Também fiz datilografia nela...tempos difíceis, mas em tudo fomos abençoados.
28 de abril de 2017 às 21:30
Maria Célia Fernandes
Maria Célia Fernandes Como é bom recordar
Estudamos na mesma escola
Admirava a estátua de D. Bosco e outras lembranças mais....Boa noite
28 de abril de 2017 às 21:48
Maria Umbelina Pacheco Lima
Maria Umbelina Pacheco Lima A MEMORIA NOS RETRATA COM MUITA EXATIDÁO E SAUDADES A NOSSA PAISAGEM DOS NOSSOS TEMPOS QUE A GENTE VIVEU ESTO É MUITO BOM POIS ELA NOS FAZ VIVER AMIGO CARLOS !!
27 de abril de 2017 às21:50
Maria Inês Arena Parabéns!! Bela história!! Saudades!!!
27 de abril as 21:55
Tania Maria Gimenes Brochini
ResponderExcluirQue linda sua vida em poesia! Já conhecia mas vale a pena ver de novo.
08 de junho de 2017 às 01:26
Fatima Alonso
Fatima Alonso Muito bom nossas lembranças. ..
08 de junho de 2017 às 21:19