O Paraíso das Baratas
As lamparinas acesas, reluziam como estrelas, vistas de
fora, através da s frestas da janela.As camas desencostadas das
paredes, e o receio nas feições
expressado , um misto de medo e de repugnância. Enfileiradas, como soldados no
quartel arregimentados, brancas,
pretas, milhares delas, as baratas. Era sempre assim quando a noite chegava, mas
mesmo com todos esses cuidados, uma ou outra sempre saia de suas fileiras,
principalmente em tempos de noites mais quentes e voavam. Era uma velha casa de
madeiras enegrecidas pelas mãos do
tempo. Era o paraíso das baratas. Supõe-se que
estivera muito tempo desabitada. A família que ali chegara não tivera
muitas opções. Foi o que havia dado pra se alugar. Chegados de outra cidade
onde o pai havia perdido o emprego, ali estavam. A casa ficava numa pequena rua
na periferia da cidade. Luz, na casa não havia. No quintal um enorme
paineira e areia, muita areia. Soltaram
no quintal o cão e as galinhas que
curiosas saíram explorando todo o espaço,no cisca- cisca
o tempo todo em busca de algum
alimento. Um fábrica de fogos por vizinho, no enrolar das bombinhas um auto
falante tagarelando o tempo todo
propagandas políticas. Era tempo de eleição para prefeito. Por ali também haviam
outros vizinhos. A Avenida que passava ao lado da rua só tinha mesmo esse nome
por ter. Era um rua longa, que ia embora, passava numa ponte na baixada e subia preguiçosa rumo ao centro da
cidade. Era uma poeira tremenda que se levantava quando algum carro às vezes passava.
Era o caminho pro cemitério , as pessoas
se achegavam na esquina só pra ver o féretro passar ... e também pra contar os carros que acompanhavam o defunto. No
fundo aquele “conta - conta “ era até uma espécie de diversão.
Diziam à boca pequena, que aquela ponte era mal assombrada,. Quando
tinha-se que se passar ali à noite era
só um abaixar de olhos , o coração em sobressalto e um disparo nas pernas . Atravessava-se ali como se fosse o vento,
ninguém queria experimentar se
expor a esse contacto. E passaram-se
meses, o pai adquiriu um pequeno terreno
no centro da cidade e toda a família
feliz da vida ia ajudar na construção da casa, pregando as tábuas das
paredes ora martelando os dedos,
ora pisando em formigueiros de lava pés. Em fim a casa pronta, um gramado verde natural ladeava a parte principal da casa, um pé de
primaveras enfeitava com suas flores
desabrochadas a construção terminada. Agora era só mudar e dizer adeus
finalmente pro Paraíso da s Baratas.
Autor
Carlos Marcos Faustino
14/02/2013- Quinta
Feira – 15h47m
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