O andarilho das estrelas



Conto
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O andarilho das estrelas 


Caminhava distraído pela estrada quando tropeçou numa luneta. Curioso, levou-a aos olhos. Era a chave para um portal, o mundo que lhe estampava pela frente era maravilhoso. Vislumbrou amor em todos os gestos e olhares, por todos os cantos e lugares. De repente a luneta explodiu e ele acordou  assustado.  Estava faminto.
Havia caminhado durante todo o dia  e só achara um pequeno abrigo altas horas da noite. O tempo prometia chuva. Procurou entre os seus cacarecos um pedaço de pão velho, mas não encontrou.
Por momentos visualizara um mundo novo, onde todos tinham os mesmos direitos, onde ninguém morria de fome, onde havia um teto pra se morar, sorriso nos  olhares, abraços e um aconchego impar partindo de todas a s pessoas.
Mas fora apenas um sonho. Agora estava  ali naquela estrada que era a sua moradia, tendo o céu por teto.  As estrelas e o clarão da lua em noites de verão era a mais pura beleza que se podia imaginar. Deitava-se encolhidinho em qualquer canto e se via tão protegido por aquele manto luminoso que refletia lá do céu.
Às vezes as  lembranças vinham a sua mente. O sorriso de suas crianças, o calor do seu lar. A vida era tão bela. Ainda podia sentir o aroma que vinha da cozinha. Ainda podia sentir o cheiro do café fresco que emanava pelos cômodos de sua casa até seu quarto.
Quão doces foram todo s aqueles momentos, mas o tempo  vai levando tudo   nas suas voltas. Os filhos alçaram voos, a mulher  debilitada com uma doença que chegou sem avisos, também o deixou pra morar eternamente nos braços da eternidade.
Ele as voltas com aquela casa vazia, aqueles cômodos  repletos de recordações, resolveu que precisava buscar o mundo, buscar respostas pra alguma coisa que estava faltando dentro dele. E não seria ali que iria achar.
E foi assim que ganhou as estradas, ganhou o mundo, andando sempre como se estivesse a buscar a felicidade  lá,  onde o horizonte se declina
Nunca mais nenhuma pessoa que o conhecia soube dele. Os anos passaram mais depressa. Talvez ainda  hoje ele continue sua caminhada não mais nas estradas da vida , mas no rastro das estrelas.



Autor
Carlos Marcos Faustino
16/04/2018  - segunda –feira- 13:10


Comentários

  1. Muito lindo!!! Triste quando os filhos não percebem, que depois de uma idade, os pais precisam de atenção, carinho e cuidados. Ele foi procurar nas andanças da Vida. Parabéns!!! Me deu até uma angústia...

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  2. Flávio Albuquerque Uma forma de completar algumas expectativas,obrigado Carlos Marcos Faustino!
    16 de abril de 2018

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  3. Carlos Marcos Faustino
    Carlos Marcos Faustino inda penso em alterar algumas coisas

    Flávio Albuquerque
    Flávio Albuquerque Faça, é uma forma de alimentar os próximos!
    16 de abril de 2018

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  4. Dida Toffoli
    O artista nunca está satisfeito com a obra.Acha que nunca se completa.kkkk
    16 de abril de 2018

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