A historia de Emanuelle
- Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três, vendido para o Senhor
Fernando Lemos.
Ele nem se lembrava mais que tinha dado o lance. Mas era ele
mesmo. Era o seu nome que o leiloeiro
acabara de pronunciar. Estava tão absorto olhando aquele quadro que agora era seu.
Aquela dama parecia olhar nos seus olhos, um brilho que parecia saltar da tela. Aqueles sedosos
cabelos. Como deveria ser o nome dela. Que historia toda teria envolvido sua
vida. Seria mesmo real, teria mesmo existido, ou simplesmente teria nascido num
momento de inspiração num pincel nas mãos dum artista qualquer.
Era um quadro que estava sendo muito disputado e ele finalmente tinha dado o lance final. Em
poucos minutos ele já percorria a estrada que o levava ao seu recanto. Como
escritor que era havia alugado uma casa entre as montanhas para escrever o seu
próximo livro
Terminara há pouco um relacionamento e o seu coração ainda não
havia se recuperado totalmente da desilusão que havia sofrido. Mas não era
a primeira vez que isto acontecia. Ele
sempre dava a volta por cima.
Saia um pouco de circulação, se isolava num lugar
paradisíaco e ali sempre escrevia um
novo romance que certamente seria um Best Seller.
Em questão de uma hora e meia adentrou os portões,
estacionou o carro numa garagem próxima a
varanda que circundava a casa. O canto dos pássaros que se permutavam entre uma
arvore e outra era uma trilha sonora para os seus ouvidos. E havia muitas
borboletas que disputavam as lindas flores que desabrochavam pelos jardins.
Escolheu um canto especial na sala de estar e num instante colocou o quadro como se
fosse a coisa mais importante na
decoração daquele ambiente. Nem o piano no qual sentava-se a noite, pra tocar
uma canção que lhe inspiraria na criação das situações de suas historias lhe parecia tão importante.
Estava cansado e resolveu dormir. Acordou altas horas da
madrugada, num impulso foi até a sala, aquela mulher enigmática do quadro
parecia sorrir para ele.
- Emanuelle, Emanuelle,
balbuciou baixinho, Volte, Volte!
Em sua mente começou a desenrolar-se uma cena que lhe
parecia familiar. Emanuelle lhe era uma
pessoa cara. Estavam enlaçados bailando uma linda valsa quando ela então lhe sussurrou algo ao ouvido. Uma emoção
descontrolada fê-lo parar por instantes a dança. Fixou seu s olhos no dela e abriu um largo sorriso. Então
era verdade: Um filho, um filho gritou
alegremente enquanto voltava a tomá-la
nos braços para valsar pelo salão.
Sim, sim, eram casados. Moravam nos arredores de Paris. Ele exercia um papel importante na
corte e ela o acompanhava nos
compromissos que exigia sua presença.
Estava distraído na
sua sala de trabalho e Emanuelle adentrou sorridente chamando seu nome:
-Jean Pierre, Jean Pierre, venha comigo, quero lhe apresentar
um pintor ,aquele mesmo que pintou um
quadro da Duquesa de Villeneuve. Sim mon
amour, ele se dispôs a pintar o meu
retrato.
Então era esse o seu nome: Jean Pierre, Jean Pierre.
Puxou-o pelas mãos e
saíram correndo feito dois adolescentes pelas escadas do palácio.
O tempo cobriu de neve os campos O quadro de Emanuelle havia
ficado lindo. O artista conseguira retratar com precisão toda a beleza dela .
E vieram os tempos de guerra, todos foram convocados. Jean Pierre, já montado em seu cavalo, despediu-se
de Emanuelle, o filho estava por nascer.
E a neve se foi, mas a guerra continuava sangrenta, e a primavera voltou. Novamente as
flores aos poucos foram embora. Jean Pierre nunca mais voltou.
A tristeza abateu-se tanto em Emanuelle pela perda do seu amado, que ela
não resistiu principalmente porque a única coisa que lhe havia deixado no seu
ventre, havia nascido sem vida.
O sol já refletia seus primeiros raios no quadro da parede.
Como se de repente saísse daquele transe
que o tomara olhando pra aquele retrato, Fernando repassou toda aquela historia que lhe fora
revelada na sua cabeça naquela noite; Já
tinha quase todo o roteiro do seu futuro livro. “A historia de Emanuelle”, na
qual ele se sentira um personagem.
O sol já estava alto no céu, quando resolveu pegar o carro e
ir para a cidade. Percorreu a hora e meia de carro até ela. Parou no
estacionamento duma grande livraria, ali também funcionava uma banca de
revistas onde costumeiramente comprava jornal;
Ao adentrar a porta, sentiu-se atordoado, acabou esbarrando numa moça, que estava
saindo do local, chegaram a bater um na cabeça do outro tal foi a rapidez com
que entravam e saiam pela porta.
Fernando acabou entrando num transe, tal qual acontecera com ele naquela
madrugada.
-Emanuelle, murmurou: Emanuelle sou eu Jean Pierre, eu
voltei!
Pensou que nunca mais a veria, mas ali estava, diante dele, aquela mulher. As pernas estremeceram tudo lhe
voltou à cabeça, finalmente reencontrara a mulher de sua vida.
Autor
Carlos Marcos Faustino
05/12/2017 – terça-feira- 17:21
Antonio Carlos Coutinho
ResponderExcluirBacana
5 de dezembro de 2017 às 18:57
Maria Umbelina Pacheco Lima
Maria Umbelina Pacheco Lima HUM BEM INTERESSANTE AMEI
5 de dezembro de 2017 às 20:04
Christina Castello Branco Augusto
Christina Castello Branco Augusto Gostei!!!
05 de dezembro de 2017 às 21:31
Eloisa Helena Porto
Eloisa Helena Porto Parabéns, muito bonito..
Adorei...
5 de dezembro de 2017 às 22:18
Vera Cristina Fagundes
Vera Cristina Fagundes Amei
5 de dezembro de 2017 às 22:43
Maria Célia Fernandes
Maria Célia Fernandes Gostei amigo!! Parabéns
5 de dezembro de 2017 às 22:44
Ghyra Gustinho M Marques
Ghyra Gustinho M Marques Dimais...grande Carlão...
5 de dezembro de 2017 às 23:09
Regina Helena Abromawischos
Regina Helena Abromawischos ...2...tempos..ou mais até ???...super criativo meu amigo !!!🤗
5 de dezembro de 2017 às 23:11
Roseli Ruteski
Roseli Ruteski Muito lindo!!
Parabéns.
5 de dezembro de 2017 às 23:49
Lurdes Martin Martins
Lurdes Martin Martins Parabéns! Muito lindo!
5 de dezembro de 2017 às 23:50
Sandra Gimenes Menabó
Sandra Gimenes Menabó Que lindo!!!Amei!!
6 de dezembro de 2017 às 00:30
Maria Lucia Gimenes
Maria Lucia Gimenes Muito lindo conto, enigmático, apaixonante e um ar misterioso envolvendo o enredo, adorei.
6 de dezembro de 2017 às 03:22
Cibele Marques Dalla Pola
Cibele Marques Dalla Pola Poesia enche a alma! Parabéns!
6 de dezembro de 2017 às 06:57
Mafalda Abrahão Cimitan
Mafalda Abrahão Cimitan Lindo...
6 de dezembro às de 2017 às 07:41
Wildmar Antunes
Wildmar Antunes Conta mais...
6 de dezembro de 2017 às 08:54
Jaci Penteado
Jaci Penteado MARAVILHOSO .... muito bom mesmo.... prendi o fôlego... do começo ao fim... parabéns... és um otimo escritor....
6 de dezembro de 2017 às 12:46
Elizabeth Manrique
Elizabeth Manrique Adorei!
6 de dezembro às 16:31
Zuza Gimenes
Zuza Gimenes bem bacana! gostei
6 de dezembro de 2017 às 23:13
Maria Aparecida Reinaldo Marins
Maria Aparecida Reinaldo Marins Meu amigo, vc se superou!!!!!Parabéns! !!!!!!
7 de dezembro de 2017 às 07:23
Mafalda Abrahão Cimitan
Mafalda Abrahão Cimitan Legal
7 de dezembro de 2017 às 08:49