Volta trem!


Volta trem!


Volta trem!
Sai desta saudade e vem
Apita longe
Lá na curva da cidade
Traz de volta a mocidade
E desembarca nesta estação
Que no coração fez morada

Traz de volta 
A primeira namorada
Os amigos naquela farra
Ao voltar a noite ou a tarde
Da escola
Traz de volta
Aquele suave embalo
Que inda hoje me invade


Traz de volta a lembrança
Dos meus dias de infância
 Nas antigas madrugadas
Minha mãe me sentava
Na mesa da sala
Punha-me meias e sapato
E depois lado a lado
Leva-me na viagem  de ida e volta
Pra casa de meus tios e minha avó

Traz de volta
Renova minha saudade
Já nos meus dezesseis
Eu  e meu pai
As segundas no trem das nove
As sextas no trem das sete
Quando a noite debruçava
Depois duma semana ausentes
Voltávamos pra nossa casa


Traz de volta
A emoção da partida
Quando aos vinte fui embora
Os abraços de minha mãe, de meu pai
Meu Deus foram tantos ais
A cidade, a estação
Todo aquele tempo querido
 Foi ficando pra  trás

E o trem no seu embalo
Levou-me aconchegado
Como a dizer não chore
Naquele seu doce apito
Sufocando o meu grito
Que queria lhe dizer:  Volta!


Autor
Carlos Marcos Faustino
29/08/2015- sábado – 13h47






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