A abduzida

                       

                                                                                 conto


A abduzida  
                                                  

Apalpavam- lhe  os seios. Em principio não podia divisar a expressão daqueles rostos. Tudo parecia tão Irreal. Aquela maca branca, aquele torpor. Apenas uma tênue iluminação.
Depois dos seios, continuaram a viajar no corpo dela. Incrível como não tinha lembranças anteriores, naquele exato momento é como se fosse colocado em toda a sua vida uma cortina intransponível. 
Nem mesmo o seu nome, por mais que se perguntasse mentalmente vinha na memoria.
Aos poucos as imagens foram clareando e já podia então localizar onde estava e até descrever aqueles estranhos seres. Por mais estranhos que fossem não lhe passavam nenhum temor, não sentia que sua vida estivesse em risco.
Sentia-se como uma cobaia de laboratório. Não houve espaço algum nos seus 1,60m que não fosse examinado pelos seres. Sentiu algo dentro de sua cabeça, que soubera nunca estivera por lá e que de repente tinha noção de que carregaria aquilo pro resto da vida. Só não sabia o por que.  Somente Deus conheceria as razões daquelas  estranhas criaturas. 
Mesmo eles não  conversando entre si, ouvia-lhes os pensamentos. Era uma nave extra -terrestre  aquela  em que estava agora.  Discutiam entre si o que fazer com ela depois que realizassem seus  propósitos . Agora tinha noção dos objetivos deles, entretanto  uma calma sobrenatural revestia sua alma, mesmo sabendo que estavam fazendo experiências com ela, pra que gerasse um ser hibrido. As mãos que eles colocavam sobre  a sua cabeça , desprendia tanta energia, que chegava a inundar sua alma duma bem-aventurança como jamais houvera sentido em nenhum momento de sua vida.
Aos poucos foram ficando nítidas as lembranças. Estava voltando da escola no seu automóvel que ganhara do seu pai como prêmio por sua recente formatura.
 A noite estava enluarada. Linda. De repente divisou uma estranha luz que se projetava sobre  o seu carro, que imediatamente deixou de funcionar.
 A estrada estava deserta. Era uma estrada rural pouco movimentada. Sentiu um ímpeto de sair do carro. Caminhou decidida. O objeto que pairava a poucos metros do solo era esplendoroso. Um voz surda impregnava-lhe  os ouvidos repetidas vezes num claro e bom português:- Venha. Não tenha medo. Venha.
Adentrou a  nave e tudo acabou ficando tão confuso. Caiu numa letargia deliciosa.
E agora estava ali, a mercê deles. Sentia uma beleza que emergia daquela aparência incomum. Como se aquilo fosse uma  ostra que abrigasse em seu interior a mais linda pérola.
Não tinha noção se estava em terra firme ou se a nave estava pelo espaço afora. Não tinha noção do tempo, de quanto tempo ali estivera. Por fim saíram todos da sala exceto um deles que a fitava com um olhar penetrante. Por instantes, sentiu  seu sangue ferver como se desejasse lá no fundo do seu ser que  aquele  momento se perpetuasse, tal  o amor que inundou -lhe  o mais fundo do coração.
Mas  depois  daquele momento de contemplação o estranho ser tomou-as nos seus longos braços e desceu  com ela  através de um facho de luz pra fora da nave. Estavam em terra firme. Delicadamente ele a  colocou sobre o assento  do carro e partiu.  A nave num rápido movimento perdeu-se no espaço em instantes.
Os sentidos voltaram repentinamente.  Olhou pro  relógio no painel. Havia se passado exatamente  15 minutos desde o  momento que visitara a nave.  Tranquilamente ligou o carro  que pegou rapidamente sem pestanejar , acelerou e rumou para casa.
Quem acreditaria numa historia daquelas? Que  ocorreria após os nove meses de gestação?


Autor
Carlos Marcos Faustino
20/11/2013-quarta feira - 00h24m
                                    

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