Meu pai
Meu pai sempre teve uma vida difícil. Eram manhãs imensas
que passávamos ao redor do fogão de
lenha, nos aquecendo no calor de suas chamas e absorvendo todas as suas
historias.
Falava muito de sua infância, de como viviam isolados, longe
das cidades. Sua mãe cedo partiu. Partiu mesmo, literalmente, tomou o filho
mais novo nos braços e quando numa manhã
qualquer o sol raiou, meu pai, sua irmã
e meu avô, ficaram sós, naquele sertão de meu Deus, sem saber se os que haviam partido conseguiram
sair com vida daquela
mata virgem e repleta de perigos. Vieram doenças e pra família que restou ficaram apenas
muitos problemas e apenas um solução. Partir,
ir em busca de parentes que
estavam a muitas léguas distante dali. E foram assim caminhando, dia após dia,
noite após noite. Cansaço, fome e dor. O meu avô a cada dez passos que andava
caia sem forças. Estava terrivelmente doente. Os pequenos
ainda de tenra idade, saiam em busca de água de algum riacho ou alguma
mina e também colhendo pequenos frutos
que encontravam ao longo do caminho para suprir a fome a sede que sentiam. Chegaram por fim num trecho que
tinha uma mata que quando a noite chegava, tornava perigosa a
sua passagem devido a animais selvagens
que por alí habitavam. Era preciso
atravessá-la a fim de se aproximarem
mais da casa da parente com a qual contavam ficar, afinal, as crianças precisavam de uma figura materna, meu avô
sabia disso, e temia também por eles,
caso a morte resolvesse levá-lo sem maiores
avisos.
Um certo cavaleiro cruzou com eles e ao tomar conhecimento do que se passava,
apiedou-se e resolveu ajudá-los. Na verdade morava naquelas redondezas onde
estava desbravando uma parte da mata próxima a casa onde morava . Acolheu-os em sua casa, deu-lhes comida
pro corpo e pra alma. Deu-lhes repouso e tranqüilidade. O dia veio mais bonito. A noite se fora sem
sobressaltos. A viagem precisava continuar. O senhor que os havia acolhido
arranjou-lhes cavalos e atravessou com
eles a mata, depois, despediu-se e voltou pra casa. Continuaram então a viagem
a pé. E assim chegaram ao destino e a vida começou a voltar ao normal.
Quando
meu pai, dava um suspiro fundo, enrolava o fumo de corda picado naquela palha e
acendia o cigarro, a gente sabia , que teríamos novas historias nos dias
seguintes. Então ele botava o chapéu na cabeça nos dava uma breve caricia e saía
para trabalhar. E meu pai ia assim, dia após dia, narrando suas memórias em
forma de aventuras e nós crianças
sonhadoras que éramos, construíamos em
nossas mentes verdadeiros quadros vivos daquela saga.
Historias de meu pai ( autor
Carlos Marcos Faustino) 04/01/2013- sexta feira- 19h38m
nos chamamos de paim aquilo que por anos é espelho, nossa imagem a ser seguida, podemos não acaeitar, mas temos muito deles em nossos, espelho que um dia vamos nos tornar, Carlos parabens pelo texto, está ótimo!
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