Conversas
Pai, você se lembra
de quando eu era menino,
Você me levava ali na praça da estação, lembra bem
E ficávamos vendo as pessoas, os automóveis, os trens,
eu ficava dividindo
com você
os carros que víamos,
os calhambeques eu dizia que ao crescer te daria
E os cadilacs seriam meus, você somente sorria.
Pai você se lembra
daquele outro dia
Quando você
arrumava a cadeira preguiçosa sua
E sem fixá-lo, havia apenas de leve colocado o pano,
E u chegando das minhas brincadeira na rua
Jogando-me sobre ela, com
a minha bunda no chão eu batia
Pai , você inda se
lembra daqueles dias,
Quando saías pra
trabalhar na serraria
Alimentando o vapor, com pó de serra e com teu suor
Pai, como eram doces
para nos aqueles tempos
Foram tantos janeiros,
foram tantos dezembros
Pai, eu era bem
pequeno mas inda me lembro
Das surpresas que tu
trazias todas as noites para nós,
Dois saquinhos de pipocas, nos bolsos do seu paletó
Pai tu te lembras
ainda dos Natais e dos
brinquedos
. A gente na véspera, inocente, colocava os sapatinhos
e quando no dia seguinte acordava, la estavam os presentes,
eram tantos os meus carrinhos, era tão grande o seu carinho
Pai, tu te lembras do Tarzan, nosso cachorro,
te lembras quando eu e minha irmã
Brincávamos no portão, naquele ir e vir
Abrindo e fechando, fechando e abrindo,
Daí, aquele vizinho, apareceu no final da rua
E o nosso cão
aproveitou a brecha
E como se fora uma
flecha, ou um tiro de canhão,
Atirou-se de encontro ao vizinho, e rolaram pelo chão
Foram chutes, foram uivos, naquela luta constante.
Você veio apavorado, O cão arfando de um lado
e o vizinho foi
separado com as mãos pingando sangue
Pai, você se
lembra dos trens das nove, dos
trens das sete,
Das nossas viagens,
das idas nas segundas,
Das voltas nos finais
de semana
Pai, você se lembra dos
nossos abraços
Dos nossos olhos
molhados, quando eu chegava
Ou quando eu partia
Como eram doces
aqueles dias
Alma pura...Belas recordações em nobre poema.
ResponderExcluirDe todos que já postou aqui, diria que este é o mais envolvente...traz a emoção à flor da pele...Parabéns,Faustino! Superando e surpreendendo...
Sonia Lopes
ResponderExcluirQue coisa linda e melancólica! Saudades do tempo em que a simplicidade imperava.Éramos felizes!
08 de abril de 2017 às 15:52
Valter Hernandez
ResponderExcluirBelos tempos.
10 de abril de 2017 às 17:03
Sonia Gava Rodrigues
ResponderExcluirQue maravilha!
10 de abril de 2017 às 22:38
Nely Lopes
ResponderExcluirComo você guarda tudo? Bons tempos...
11 de abril de 2017 às 00:04
Tania Maria Gimenes Brochini
ResponderExcluirQuantas lembranças boas. Era tão simples ser feliz.
11 de abril de 2017 às 00:28
Dirce Gonçalves Dos Santos
ResponderExcluirParabens pelo lindo poema
08 de abril de 2020 às 16:28